Eu era pequenininha e já gostava de ouvir pássaros cantando. Quanto mais diferente era o canto, mais me encantava. Era mágico o jeito como eles se comunicavam com algo dentro de mim. Não eram palavras. Eu tentava, mas nunca via significado nas notas mágicas. Mas faziam sentido.
Mais tarde, eu já não caía tanto no canto de certos pássaros faceiros. A essa altura, eu já tinha noção do quanto aqueles bicos poderiam me machucar. Muitos foram os dias em que fiquei sozinha, ouvidos abandonados pelas inconstância dos voos, sempre egoístas em sua liberdade.
Eis que um serzinho alado colorido e belo me enfeitiçou com seu jeito engraçado de sonar. Cantou-me maravilhas. Meus ouvidos convenceram meu coração, que, tolo, voltou a acreditar na beleza e na verdade passageira desses seres de presença tão volátil no coração alheio. Esse canto me puxava para o alto, inflava meu ego e me sussurrava um futuro bom. Eu fui feliz.
Mas tão logo o tal canto colorido me mostrou sua finitude e foi-se embora com a primeira brisa de verão que soprou um movimento no ar. O tal pássaro libertino seguiu pra outros ares para toar encantos a outros ouvidos carentes de beleza e som coloridos. Desde então, trago meus ouvidos e coração surdos para os encantamentos alados que, perigosamente atrevidos, ameaçam me fazer feliz de novo um dia.
Nota: Um dia achei um bem-te-vi ferido no meu jardim. Cuidei dele e ele me retribuiu com um cantar lindo, mas fugiu assim que melhorou. Lembrei de outros 'abandonos'. Metáforas. Histórias cruzadas.
Mais tarde, eu já não caía tanto no canto de certos pássaros faceiros. A essa altura, eu já tinha noção do quanto aqueles bicos poderiam me machucar. Muitos foram os dias em que fiquei sozinha, ouvidos abandonados pelas inconstância dos voos, sempre egoístas em sua liberdade.
Eis que um serzinho alado colorido e belo me enfeitiçou com seu jeito engraçado de sonar. Cantou-me maravilhas. Meus ouvidos convenceram meu coração, que, tolo, voltou a acreditar na beleza e na verdade passageira desses seres de presença tão volátil no coração alheio. Esse canto me puxava para o alto, inflava meu ego e me sussurrava um futuro bom. Eu fui feliz.
Mas tão logo o tal canto colorido me mostrou sua finitude e foi-se embora com a primeira brisa de verão que soprou um movimento no ar. O tal pássaro libertino seguiu pra outros ares para toar encantos a outros ouvidos carentes de beleza e som coloridos. Desde então, trago meus ouvidos e coração surdos para os encantamentos alados que, perigosamente atrevidos, ameaçam me fazer feliz de novo um dia.
Nota: Um dia achei um bem-te-vi ferido no meu jardim. Cuidei dele e ele me retribuiu com um cantar lindo, mas fugiu assim que melhorou. Lembrei de outros 'abandonos'. Metáforas. Histórias cruzadas.