As flores estavam frescas. Estava colhendo flores no quintal alheio e vi uma moça-flor em cachos de pétala desbotados, olhos sem cor e pele meio opaca. O que tirara a cor dos seus olhos estava em seu ventre jovem e precoce. Dois beija-flores espelhados, casados pelos bicos que se beijavam. Assim sugavam da moça e um do outro toda a doçura do sopro de vida. Eles desabrochavam e ela murchava. O jardineiro, cuidador por excelência, decidiu pela moça-flor. Só ele sabia bem o que seria capaz de fazer a beleza de uma moça em flor... mas o Dono da terra achou que deveria punir o Cuidador por ele ter cuidado da flor. Ele não gostava de cuidadores. Logo os cuidadores, que cuidam tão bem e fazem por amor à beleza da flor. Logo aquele Dono, que sonhava em ser dono dos outros jardins e de todas as terras e agem por respeito a egos inflados.
Quando estava indo embora, vi o sorriso do Cuidador, vi que a tentativa de punição não fez a menor diferença. Vi que seus olhos brilhavam em alívio por ter cuidado de mais aquela moça, novinha em flor. Correspondi com um sorriso cheio de gratidão. Peguei as minhas flores frescas, prontas e fui enfeitar minha sala. "Aquele Cuidador de sorriso florido tinha razão", pensei eu com meus botões de flor, enquanto os olhava. Ele conhece com maestria a beleza de que cuida. E já ninguém mais lembrava do Dono, nem o Cuidador às voltas com os cuidados de outra flor - moça ou madura - nem os outros beija-flores que com certeza apareceram para sugar de novo e na hora certa aquela flor, nem eu, que já havia ido colher mais histórias de flor em outros jardins.
Nota: Leitura do caso dos médicos recifenses que foram excomungados pela Igreja por fazerem aborto em garota de 9 anos, grávida de gêmeos.
Quando estava indo embora, vi o sorriso do Cuidador, vi que a tentativa de punição não fez a menor diferença. Vi que seus olhos brilhavam em alívio por ter cuidado de mais aquela moça, novinha em flor. Correspondi com um sorriso cheio de gratidão. Peguei as minhas flores frescas, prontas e fui enfeitar minha sala. "Aquele Cuidador de sorriso florido tinha razão", pensei eu com meus botões de flor, enquanto os olhava. Ele conhece com maestria a beleza de que cuida. E já ninguém mais lembrava do Dono, nem o Cuidador às voltas com os cuidados de outra flor - moça ou madura - nem os outros beija-flores que com certeza apareceram para sugar de novo e na hora certa aquela flor, nem eu, que já havia ido colher mais histórias de flor em outros jardins.
Nota: Leitura do caso dos médicos recifenses que foram excomungados pela Igreja por fazerem aborto em garota de 9 anos, grávida de gêmeos.
Que lindo Aline, gostei muito!!!!!!!!!Me lembrou o livro A dama e cachorrinho.
ResponderExcluirsuper beijocas lindona(=
Sim, obrigada pela atenção, Eulália linda!
ResponderExcluirVolte sempre!!! Bjo!