sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Pierrot Embriagado e a Verdade em Gotas


Um gole. Um sorriso ao acaso. Um gole. Uma piscadela à toa. Um gole. A parede dança. Um gole. Olhos vigiantes. Um gole. Uma lembrança de eu menina. Um gole. O cheiro molhado do perfume da noite. Um gole. Um gosto doce de cana destilada. Um gole. Meus olhos travam ao piscar. Um gole. Antigas impressões desfeitas. Um gole. Imagem tosca de um pierrot vista no espelho do banheiro. Um gole. Uma ideia anunciada. Um último gole. Uma máscara caída. Não a do pierrot. Dele só caiu uma lágrima lúcida.

Nota: Leitura de uma constatação em uma noite inebriante de Carnaval.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mousse de Coco



Fruto do coqueiro. Cor de algodão. Doce como nuvem. Mistura láctea, suave. É misturando que se apura.





Este doce é muito simples e vale a pena qualquer um preparar rapidinho, mesmo antes de fazer o almoço, que dá tempo saborear como sobremesa. Para quem provou e gostou, aqui a receita...
Ingredientes
01 vidro de leite de coco (pequeno)
01 lata de leite condensado
01 lata de creme de leite
04 claras em neve
04 colheres de sopa de coco ralado desidratado
Preparo:
Bata no liquidificador o leite de coco, o leite condensado e o creme de leite. Depois de bem misturado, acrescente a clara em neve previamente batida e misture tudo com a colher de pau. Não use batedeira nem liquificador nessa fase, pois os picos da clara em neve pode se desfazer e perder a consistência.Por último, junte o coco ralado, misture e leve ao congelador.
Pronto! Pedacinhos de nuvem adocicados ao seu alcance... bom apetite!!!


Nota: Esta não é uma leitura. É uma receita de prazer. :)

Explosão

Uma vez sonhei que não aguentava mais pensar. Cada letra pensada se inflava dentro de mim, como que cheia de ar, não de som e significado. Nem quando eu falava elas saiam, nem quando falava muito. Nem quando lia um livro todo em voz alta, nem assim elas se iam. Se eu ficava em dúvida no que fazer pro jantar elas me inchavam. Quando eu lembrava de uma música da infância... pluft! Quando fazia contas na cabeça, mesmo dois + cinco - três... pluft, pluft!

E nesse dia eu queria mais era explodir, jorrar. Desnudar minha mente. Porque entendi que não adiantava pensar por que havia tanto sapato no mundo e tão pouca comida, porque percebi que o homem nasceu marcado com a corrupção desde Eva, porque não interessava mais saber por que meu pai tinha se separado de minha mãe se jurou a Deus ficar com ela, porque aquela garotinha foi atingida por aquele carro naquele domingo...

E a vontade crescia porque esses pensamentos não vinham sozinhos, vinham carregados de sentimentos, e esses faziam as letras, as palavras, as ideias serem infladas de um hélio diferente, meio acizentado, que me neblinava as vistas, meio alaranjado, que me lembrava fogo, que esquentava, que me dilatava mais. Já era quase combustão quando pari uma gota salgada de alívio pelos olhos. Depois, mais uma e mais algumas. E pari uma ideia, uma palavra, uma letra quente que agora também ardia, porque palavra cheia de sentimento consome ar e, quando liberta, queima.

Esse dia foi hoje e a pele úmida me segredou que não era sonho. Uma dor vermelha e sufocante me levou o pensamento. Ele foi livre, parido, tranquilo. E eu explodida, mas leve, já podia voltar a inflar meus novos balõezinhos de palavras cheios de sentimento.

Nota: Esta é uma leitura e uma confissão. :)